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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Choveu sim, mas não para causar tamanha enchente!

          
 Nos dias 3 e 4 de Agosto, os noticiários da TV. Rádio e Jornais, fizeram uma ampla cobertura da situação do Vale do Ribeira, que mais uma vez, sofreu as consequências de  uma grande enchente,  atingindo várias Comunidades  Quilombolas e as cidades ribeirinhas  de: Adrianópolis-  na qual arrastou  uma ponte-; Iporanga; Eldorado- a cidade mais atingida- ; Itapeúna; Sete Barras e Registro,  além  das áreas  rurais, deixando cerca de 9 mil pessoas desabrigadas. 
            Sem dúvida, o volume de água  que atingiu essas regiões foi  enorme. Só em Eldorado onde o nível normal do Rio Ribeira é de 5 metros, subiu para 13,3.  Deixando vários bairros totalmente debaixo d´agua, como podemos ver na foto a baixo.

            Todos os meios de comunicação afirmaram que  a  causa  dessa grande  enchente foi  “porque  choveu  muito   no  Vale do Ribeira”. Porém, ouvindo a população eles tem   outra versão. Dizem que a chuva até que não foi tanta. Mas,  o que causou a grande enchente. foi a abertura das comportas da grande barragem de Capivari, no Paraná, divisa com o Estado de São Paulo. Pois, parte das águas dessa represa, desemboca no Rio Ribeira de Iguape. E, pela rapidez com que tudo aconteceu e, pelo volume de água que veio, não poderia ter sido  outra a causa dessa inundação.             

              Indefesa, diante de tudo isto, a população atingida, que perdeu  suas casas e seus bens, hoje pergunta: 

1. Porque não foi avisada com antecedência?
2. A chuva não foi tão forte, de onde veio esse  volume de água?
3. Houve alguma tromba d´agua? ( Se houve, ninguém viu).
4. Porque isso aconteceu só no Rio Ribeira e não em seus afluentes?
5. Quem  abriu essas comportas?
6. Quem se responsabiliza pelos danos e prejuízos  causados  à população?
7. Quem vai ressarcir o povo pela  perda de suas casas e seus bens?
8. Até quando o povo vai ficar vulnerável a essas ações?
9. Porque construir barragens se, hoje, existem tantos  modelos alternativo de geração de energia?

Estes são alguns dos questionamentos que o povo faz.
                                              

                  De positivo, deve se ressaltar a solidariedade do povo brasileiro que, em pouco tempo, se mobilizou e foi muito generoso em fazer suas doações e auxiliar a população flagelada com a enchente. 
                  E, para concluir, ressaltemos que esse acontecimento, sem dúvida, vai reacender a polêmica da validade ou não da construção de tais barragens no rio Ribeira de Iguape. 
                  Nós, do MOAB, (Movimento dos ameaçados por barragens) continuaremos defendendo nossa bandeira de  luta contra a construção dessas barragens, isto já estamos fazendo a mais de 25 anos! Até agora conseguimos vencer, graças a organização do povo.  Mas, há quem defenda o contrário. Principalmente do lado dos poderosos tanto política como  economicamente.

                O assunto é polêmico e ainda vai dar muita discussão.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Campanha Contra Barragens no Ribeira

 

Não às barragens no Ribeira de Iguape

Localizado entre o sul do estado de São Paulo e norte do Paraná, declarado Patrimônio Natural da Humanidade em 1999, o Vale do Ribeira contém mais de 2,1 milhões de hectares de florestas - 21% dos remanescentes de Mata Atlântica de todo o País -, 150 mil hectares de restingas e 17 mil de manguezais. Toda essa riqueza ambiental subsiste porque nessa região ainda vivem diversas comunidades tradicionais (remanescentes de quilombos, caiçaras, índios e pequenos produtores rurais) e foram criadas várias Unidades de Conservação.
Uma das maiores ameaças a esse riquíssimo patrimônio socioambiental é o projeto de construção de barragens ao longo do rio Ribeira de Iguape. Estudo de inventário hidrelétrico aprovado pelo governo federal na primeira metade da década de noventa prevê a construção de quatro barragens (nomeadas Tijuco Alto, Funil, Itaoca e Batatal), com o objetivo de geração de energia e, supostamente, de contenção de cheias. No entanto, essas quatro barragens, se construídas, inundarão permanentemente uma área de aproximadamente 11 mil hectares, incluindo cavernas, Unidades de Conservação, cidades, terras de quilombos e de pequenos agricultores, além de alterar significativamente o regime hídrico do rio, o que traria prejuízos difíceis de mensurar.
As barragens estão projetadas para o Médio e Alto Ribeira, regiões com maior presença da agricultura familiar e comunidades quilombolas. Há, portanto, uma clara ameaça aos grupos menos favorecidos historicamente. As barragens ameaçam também as comunidades que dependem da pesca e do extrativismo marinho no Complexo Estuarino Lagunar de Cananéia-Iguape-Paranaguá, pois vários estudos já apresentados apontam para possíveis alterações na produtividade pesqueira dessa região com a construção das barragens.
Dentre todas as barragens projetadas, a que está em processo mais avançado de aprovação é a de Tijuco Alto. Planejada para o alto curso do Ribeira de Iguape, entre as cidades de Ribeira (SP) e Adrianópolis (PR), pretende gerar 150 MW de energia, a qual seria utilizada exclusivamente pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), empresa do Grupo Votorantim, que detém um complexo metalúrgico localizado a centenas de quilômetros da região, no município de Alumínio (SP), antigo município de Mairinque. A CBA, grande consumidora de energia elétrica, vem construindo hidrelétricas em diversos pontos do país para ampliar suas atividades e aumentar suas exportações, o que traz benefícios duvidosos ao país, na medida em que impacta a vida de muita gente para poder aumentar seus lucros.
Apesar de ainda não estar aprovada pelos órgãos competentes, o projeto de implantação da usina de Tijuco Alto já vem produzindo efeitos negativos na região há bastante tempo. Centenas de pequenos agricultores que viviam no local onde seria implantada a barragem venderam suas terras à CBA ao acreditar que o território seria inundado. Muitas famílias que viviam nestas terras, mas não eram proprietárias, foram expulsas de suas casas sem nenhum tipo de indenização, aumentando o êxodo rural na região e gerando um grande passivo social para a empresa.
Em função de todos esses impactos, formou-se na região o Movimento dos Ameçados por Barragens (MOAB), composto principalmente pelas comunidades quilombolas que seriam afetadas. A essa luta se juntaram outras tantas organizações sociais que atuam na região e que se opõem a esse modelo de desenvolvimento socialmente excludente e ambientalmente insustentável. Assim, a igreja católica, sindicatos de trabalhadores rurais e organizações não-governamentais se associaram ao MOAB para se opor à construção das barragens.
A campanha contra as hidrelétricas
A presente página eletrônica faz parte da campanha contra a construção de usinas hidrelétricas no rio Ribeira de Iguape. A campanha está sendo levada adiante por um grupo de pessoas e organizações, sediadas tanto no estado de São Paulo como no do Paraná, que não querem ver o rico patrimônio socioambiental da região destruído com a construção das barragens.
Nessa página pretendemos trazer informações à sociedade referentes aos impactos socioambientais que seriam causados pelas barragens, contextualizando-os com dados do Vale do Ribeira e com um histórico do processo de licenciamento ambiental desses projetos, principalmente da UHE Tijuco Alto, o mais avançado entre os quatro projetos previstos.
Com informação e conhecimento, a população pode participar, opinar e dizer se quer ou não a usina. A campanha visa fornecer elementos para que tanto a população local, diretamente atingida pelos projetos, quanto os cidadãos em geral, preocupados com o futuro de uma região tão rica em sociobiodiversidade, possam tomar uma posição com relação ao projeto.
Porém, mais do que ser uma fonte de informações, a campanha tem como objetivo lançar um alerta contra o projeto, mostrando todas as consequências negativas que a instalação de usinas hidrelétricas na região poderia trazer para o Vale do Ribeira e para o país.
Nesse especial reunimos informações recolhidas ao longo dos dez últimos anos e as que estão contidas no novo Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da UHE Tijuco Alto, entregue pela CBA no final de outubro de 2005 ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Só assim a população poderá exercer, de fato, sua cidadania, o que é essencial para a consolidação da democracia.
O que queremos
As pessoas e organizações que estão à frente dessa campanha têm um longo histórico de trabalho no Vale do Ribeira, e se opõem a um modelo de desenvolvimento que privilegie a concentração de terras e a instalação de grandes empreendimentos, em detrimento da sobrevivência e bem-estar das populações tradicionais e da possibilidade de se trilhar o rumo da sustentabilidade socioambiental.
Há mais de uma década diversas oportunidades de uso sustentável dos recursos naturais vêm surgindo e sendo implementadas na região.  Algumas ainda estão em fase inicial, outras já ganham escala e se mostraram plenamente viáveis. Estas oportunidades têm em comum a aposta na possibilidade de melhorar os índices de qualidade de vida na região, mediante uma melhor oferta de serviços públicos, no uso sustentável dos recursos naturais, na permanência das populações tradicionais em suas terras e na remuneração pelos serviços ambientais que elas prestam. As organizações que encabeçam essa campanha acreditam nesse modelo de desenvolvimento, e por ele vêm trabalhando.